Este blog é um veículo de comunicação vinculado ao Núcleo de Produção Científica da Funesa / NPC-Funesa.
Aracaju - Sergipe, Brasil
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sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

Dengue: flagelo imposto por mosquito desestabiliza as estruturas da Saúde Pública no Brasil.

As doenças, sobretudo as de etiologia microbiana, podem ser disseminadas a partir do favorecimento de fatores como a criação de uma nova rota de comércio, a abertura de uma nova estrada, o aparecimento de conglomerados urbanos, a falta de saneamento, o surgimento da agricultura, os movimentos migratórios humanos e animais, etc. Frequentemente, o homem é responsável pelo surgimento e disseminação de agentes infecciosos. Assim, a história da humanidade pode ser contada a partir de muitos pontos de vista e, talvez, um dos mais fidedignos seja o que relaciona à presença de micróbios patogênicos, sobretudo vírus e bactérias, e sua relação com a espécie humana. A figura ao lado representa um fragmento da capa do livro A história da humanidade contada pelos vírus; de Stefan Cunha Ujvari, publicado em 2012 pela Editora Contexto.

Fazendo uma retrospectiva, constataremos que epidemias e pandemias assolaram e dizimaram milhares de indivíduos humanos no passado, em épocas cujo conhecimento científico era insignificante para fazer frente à tais tormentos que assumiam status de calamidades públicas. Constataremos, também, que vetores, sobretudo artrópodes, foram fundamentais para o sucesso de entidades nosológicas como Trypanosoma cruzi (doença de Chagas), Anopheles darlingi (Malária), Haemagogus janthinomys, Haemagogus leucocelaenus e Aedes aegypti (Febre Amarela), Lutzomyia longipalpis (Leishmaniose), Aedes aegypti (Dengue, Febre Zica, Febre Chikungunya) o que corrobora publicação do Centro de Controle de Doenças (EUA) quando afirmou que desde o século XVII até início do século XX as doenças transmitidas por insetos produziram mais mortes do que todas as outras causas somadas (Duane Gubler - CDC).

Exemplos de cenários propícios para a reprodução do mosquito Aedes aegypti.
Tratando-se especificamente da dengue, tem-se que é uma das mais importantes doenças reemergentes de etiologia viral no mundo. Até pouco tempo, constituía problema de saúde pública restrito aos países do Sudeste Asiático e da Oceania; mas a partir da década de 1980 a doença disseminou-se pelas Américas, passando-se a registrar vários surtos nos cinco continentes, principalmente em regiões tropicais. É, portanto, doença bem conhecida da comunidade científica e a sociedade possui boa informação acerca do ciclo evolutivo que envolve a existência de pequenas porções de água doce limpa e parada, temperatura ambiente amena e a presença de vetores biológicos, cujo principal representante é o mosquito Aedes aegypti e secundariamente o mosquito Aedes albopictus

No Brasil, há evidências que apontam para ocorrência de epidemias de dengue desde 1846; mas as primeiras referências a casos de dengue na literatura médica datam de 1916, com registro que em 1923 um navio francês aportou em Salvador-BA com casos suspeitos, mas não foram relacionados casos autóctones nesta cidade. Foi a partir da década de 1980 que se iniciou o processo de intensa circulação viral com epidemias explosivas que atingiram praticamente todo o país, uma vez que aproximadamente 70% dos municípios brasileiros estão infestados pelo vetor e há registros de circulação dos quatro sorotipos virais (Den1, Den2, Den3 e Den4) distribuídos aleatoriamente nas regiões do país.

Oswaldo Cruz envolvido na rotina laboratorial.
Por conseguinte, as políticas de controle do Aedes aegypti no Brasil remontam ao início do século XX, sendo emblemática a campanha de combate à febre amarela urbana na cidade do Rio de Janeiro (1902-1907), coordenada por Oswaldo Cruz, ocasião em que foram instituídas as brigadas sanitárias, cuja função era detectar casos de febre amarela e eliminar os focos de Aedes aegypti. A partir de abril de 1990 passou a existir a Fundação Nacional de Saúde (Funasa) tendo como uma das atribuição a coordenação nacional das ações de controle da dengue vindo a executar, a partir de 1996, o Plano Nacional de Erradicação do Aedes aegypti (PEAr) cuja principal preocupação residia nos casos de dengue hemorrágica em função do maior risco de letalidade. O plano, elaborado pelo Ministério da Saúde, previa ação integrada com outros ministérios e foi dividido em nove componentes: 1) Entomologia; 2) Operação de campo de combate ao vetor; 3) Vigilância de portos, aeroportos e fronteiras; 4) Saneamento; 5) Informação, educação e comunicação social; 6) Vigilância epidemiológica e sistema de informações; 7) Laboratório; 8) Desenvolvimento de recursos humanos; 9) Legislação de suporte.

O PEAr não conseguiu atingir a meta que era reduzir significativamente o número de municípios infestados pelo mosquito a partir de 1998 e acredita-se que as principais causas do fracasso tenham sido a não-universalização das ações em cada município e a descontinuidade na execução das atividades de combate ao vetor. Mas avalia-se que o plano contribuiu para fortalecer o combate ao Aedes aegypti, uma vez que durante a vigência houve aporte considerável de recursos, embora os focos principais das ações de prevenção ainda fossem o uso de inseticidas e a eliminação de criadouros.

Passados mais de cem anos desde a campanha de combate ao mosquito, capitaneada por Oswaldo Cruz, a sociedade brasileira experimenta uma das mais severas fases nessa relação histórica com o Aedes aegypti, e as iniciativas, atualmente adotadas pelo poder público, parecem não conseguir fazer frente à reemergência da dengue clássica e a emergência da febre hemorrágica de Dengue, febre Zica e febre Chikungunya. O país está, portanto, submetido ao flagelo imposto pelo mosquito. 
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Referências:

BRAGA, Ima Aparecida; VALLE, Denise. Aedes aegypti: histórico do controle no Brasil. Epidemiol. Serv. Saúde,  Brasília ,  v. 16, n. 2, jun.  2007.

GOMES, Almério de Castro et al . Ecologia de Haemagogus e Sabethes (Diptera: Culicidae) em áreas epizoóticas do vírus da febre amarela, Rio Grande do Sul, Brasil. Epidemiol. Serv. Saúde,  Brasília ,  v. 19, n. 2, jun. 2010.

Teixeira MG, Barreto ML, Guerra Z. Epidemiologia e medidas de prevenção do dengue. Informe Epidemiológico do SUS 1999; 8(4):5-33.

Revisão: 
Texto revisado e aprovado na reunião ordinária do Núcleo de Produção Científica da Funesa (NPC-Funesa) realizada no dia 29 de janeiro de 2016.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

Biblioteca da Funesa funciona há quatro anos para pesquisas em Saúde e Educação.

A Biblioteca da Escola Técnica do SUS em Sergipe / ETSUS-SE que é mantida pela Fundação Estadual de Saúde (Funesa) foi implantada no início do ano de 2012, quando as áreas educacionais da Fundação se instalaram no prédio localizado na Travessa Basílio Rocha, bairro Getúlio Vargas, na capital. Segundo informações da assessora pedagógica da Escola do SUS, Profa. Rosyanne Vasconcelos, o acervo da Biblioteca é variado, com predominância nas áreas de Saúde e Educação.

São livros técnicos e pedagógicos atualizados, além das revistas que são enviadas pelo Ministério da Saúde / MS e pela Fundação Osvaldo Cruz / Fiocruz. Ainda de acordo com a assessora, o acervo está disponível de segunda a sexta-feira, das 7h, às 17 horas, para os discentes da Escola Técnica, bem como funcionários da Funesa e de todas as Unidades de Saúde do Estado. Outras pessoas também podem usufruir do conhecimento porém internamente, não podem levar o livro para casa.

O coordenador da Escola do SUS, Prof. Alessandro Reis, fala da importância da Biblioteca para os discentes e demais usuários. “O acervo disponibilizado contempla às exigências pontuadas nas ementas dos planos de cursos dos cursos técnicos. Desta forma, serve de suporte para os docentes e estudantes, além de estimular o hábito de leitura e desenvolver habilidades para pesquisa”, afirma Alessandro.

Alessandro Reis disse que, doações para completar o acervo são sempre bem vindas, quem tiver livros que possam doar pode entregar na sede da ETSUS, na Funesa, porém não é qualquer tipo de doação, visto que a Escola possui um público-alvo específico, apenas nas áreas de Educação e Saúde Pública. O acervo é montado conforme público-alvo, a exemplo, técnico em Saúde Bucal, os livros são de Odontologia, Técnico em Vigilância em Saúde, Vigilância Epidemiológica, Sanitária, Cartografia Publica, Literatura, Sociologia e áreas afins.

VIRTUAIS- As Bibliotecas Virtuais em Saúde são um projeto liderado pelo Centro Latino-americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde (Bireme / Opas), em conjunto com o Ministério da Saúde, para a ampliação do livre acesso à informação em saúde. O Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (ICICT) coordena bibliotecas virtuais em temas variados. A Biblioteca Virtual em Saúde Fiocruz (BVS Fiocruz) reúne o conteúdo de dez bibliotecas temáticas e mais três biográficas como:
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Fonte:
Jornalista Kitéria Cordeiro.
ASCOM / Funesa

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