Apresentar o resultado da pesquisa científica intitulada: "Estudo sobre o sentido e o significado do curso de codificação para qualificação do SIM em Sergipe: um diálogo com os alunos trabalhadores." foi o motivo do encontro na manhã do dia 15/12/2015 envolvendo pesquisadores do Núcleo de Produção da Fundação Estadual de Saúde (NPC - Funesa) e técnicos do segmento de Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Estado da Saúde. O encontro aconteceu no Núcleo de Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Estado da Saúde, localizada no edifício Maria Feliciana.
O estudo foi iniciado em 2014 por se tratar de uma demanda de gestão inserida no Plano Anual de Atividades (PAA) da Funesa, do referido ano, e o seu desenvolvimento só foi possível porque contou com o empenho dos pesquisadores: Tânia Santos de Jesus, Kenya Idamara Mendonça da Nóbrega, José Francisco de Santana, Flávia Priscila Souza Tenório, Rosiane Azevedo da Silva Cerqueira e a colaboração de Maria Gorete da Rocha Santos, Dayanne Santana dos Santos, Daniele Marin Nardello, Márcia Dantas Ferreira de Santana, Quenaua Gouveia Nabuco e Daya Devi Souza de Oliveira.
A reunião teve início com a apresentação do NPC-Funesa, realizada pelo
pesquisador Francisco Santana, que fez uma retrospectiva do surgimento e
das atividades do Núcleo de Pesquisa no âmbito da Funesa e enfatizou
que foi o surgimento do mesmo que viabilizou o presente estudo. O núcleo de pesquisa já está se encaminhando para o segundo ano de instalação e efetivo funcionamento e os técnicos da SES presentes alegaram desconhecer. Elogiaram a existência e manifestaram desejo de participar. Francisco Santana sinalizou que está prevista para o inicio do ano de 2016 a revisão do Regimento Interno do núcleo e a atualização desse documento deverá possibilitar a inserção de pesquisadores da SES e das demais fundações de saúde.
Coube à pesquisadora Flávia Priscila Souza Tenório apresentar o estudo que objetivou conhecer o sentido e o significado para um coletivo de trabalhadores, acerca de uma ação educativa desenvolvida pela SES e Funesa, envolvendo o Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM). Flávia trouxe detalhes do ritual metodológico que foi desenvolvido, ocasião em que informou que 04 (quatro) instrumentos (questionários) foram utilizados em momentos distintos e que o estudo foi submetido a Comitê de Ética em Pesquisa e recebeu a autorização CAAE Nº 33706114.8.0000.5546. Seguindo a observâncias dos aspectos éticos, a amostra da pesquisa foi constituída de quatorze (14) indivíduos e obtida de uma população de 20 alunos trabalhadores oriundos dos municípios de Tomar do Geru, Malhador, Itabi, Pacatuba, Ribeirópolis, São Cristóvão, Santo Amaro, Pinhão, Arauá, Muribeca, Maruim e Porto da Folha, envolvidos na atividade educativa.
Após a exposição teve início um debate considerando os qualificadores 1) Perfil sócio-demográfico, 2) Motivação para o trabalho, 3) Qualificação e 4) Repercussão da capacitação na prática; que foram definidos para analisar os resultados do estudo. Sobre o perfil dos sujeitos do estudo, concluiu-se que o percentual de trabalhadores com vínculo temporário é preocupante, uma vez que, periodicamente, é necessária a introdução de novos trabalhadores para exercer a função de codificadores do SIM, atividade esta que exige atualização e requer acúmulo de experiência. Sobre a motivação, a pesquisa evidenciou que 70% dos sujeitos sentem-se realizados ou muito realizados exercendo sua atividade profissional e 100% entendem a importância do registro do SIM. No que diz respeito à qualificação foi possível concluir que 71% esperavam que a atividade contribuísse para a melhoria no processo de trabalho; 93% avaliaram que a capacitação cumpriu os objetivos previstos na ação; 100% alegaram que a atividade educativa proporcionou conhecimentos novos; 100% avaliaram o material didático como muito adequado; 93% avaliaram que o instrumento (prova) utilizado para avaliar a aprendizagem foi muito adequado; 21% sinalizaram que outras metodologias deveriam ser utilizadas (exemplo: PBL, TBL); 93% afirmaram que o uso de dispositivos pedagógicos (exemplo: vídeos, músicas, dinâmicas, trabalhos manuais, etc.) contribuiriam para a melhor compreensão do tema; 57% apontaram que a carga horária foi insuficiente, corroborando com 42% de trabalhadores que possuíam menos de três anos de tempo de serviço. Os pesquisadores entendem que estes resultados apontam para a possibilidade de aquisição de novos saberes e podem levar ao desenvolvimento de novas competências, também ficou evidente a tendência de apego ao formato tradicional de ensino e aprendizagem, o que sinaliza para a necessidade de um olhar diferenciado para os sujeitos que são alvos de uma ação educativa.
A respeito da repercussão da capacitação na prática, 100% dos pesquisados tinham a expectativa de que a ação educativa melhorasse a atuação profissional em relação à codificação para a causa básica dos óbitos e 57% dos indivíduos relataram que sentiram dificuldades em aplicar as técnicas aprendidas na capacitação, devido a problemas relacionados à logística e infraestrutura; problemas relacionados ao SIM; e ausência de informações suficientes para alimentar o SIM. Parece evidente que não é suficiente o investimento apenas no indivíduo para que se tenham as repercussões de mudanças de práticas no serviço e necessária se faz a garantia das condições por parte da gestão para que a efetiva mudança aconteça. Transcorridos 5 (cinco) meses, os pesquisadores visitaram os territórios dos trabalhadores e aplicaram o último instrumento da pesquisa com o objetivo de conhecer o impacto da ação educativa no cotidiano do trabalho. Ficou evidente que as expectativas se confirmaram, uma vez que os sujeitos apontaram melhorias no processo de trabalho, sobretudo no que diz respeito à codificação e preenchimento de fichas.
De acordo com Tânia Santos, coordenadora do NPC-Funesa, a apresentação dos resultados da referida pesquisa para as áreas da
Secretaria Estadual de Saúde foi um momento bastante significativo para o NPC e para todos que acreditam na
contribuição que a pesquisa científica pode trazer para o SUS. Foi uma
experiência bem exitosa para o NPC- Funesa e esse coletivo de
pesquisadores tem muito a contribuir a partir da realização de estudos que podem referenciar a gestão do Sistema Único de Saúde.
Quenaua Gouveia, do Núcleo de Informações de Mortalidade (SIM) da SES, parabenizou a Funesa pela realização do estudo e pela possibilidade concreta de parceria que a SES dispõe. Segundo Quenaua Gouveia, a troca de
informações é de fundamental importância para o trabalho que é desenvolvido pela área de Vigilância Epidemiológica da Secretaria de
Estado da Saúde.
Eliane Nascimento, do Núcleo de Planejamento Estratégico da SES, enfatizou a grande oportunidade que os dois setores terão em unificar o trabalho de Pesquisas e Informações. “O Sistema SIM e SINASC, devem mudar em alguns municípios para que os mesmos continuem atualizados. A informação é o foco das notificações para chegar a um resultado quantitativo e qualitativo eficaz”, afirmou Eliane.
SOBRE O SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE MORTALIDADE (SIM)
De acordo com o Ministério da Saúde (MS), Departamento de Informática do SUS (DATASUS), o Sistema de Informação de Mortalidade (SIM) foi desenvolvido em 1975 com a finalidade de obter, regularmente, dados sobre mortalidade, de forma abrangente, para subsidiar as diversas esferas de gestão da saúde pública. Trata-se de um produto resultante da unificação de mais de quarenta instrumentos utilizados ao longos dos anos, para coleta de dados sobre mortalidade no país, e cuja informatização aconteceu em 1979. Percorrendo-se a linha do tempo, observamos que o transcurso de doze anos coincide com a implantação do Sistema Único de Saúde(SUS); e o SIM, sob a premissa da descentralização, teve a coleta de dados repassada à atribuição dos Estados e Municípios, através das suas respectivas secretarias de saúde. Segundo o MS/DATASUS, portanto, o SIM é de abrangência municipal e estadual e tem a finalidade de reunir dados quantitativos e qualitativos sobre óbitos ocorridos no Brasil. As suas variáveis permitem, a partir da causa mortis atestada pelo médico, construir indicadores e processar análises epidemiológicas diversas; o que torna o SIM uma importante ferramenta para a eficiência da gestão na área da saúde.
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