Os sanitaristas de Sergipe e, por extensão, toda a sociedade, não têm o que comemorar neste 24 de março - Dia Mundial de Combate à Tuberculose. Senão vejamos; a humanidade saiu do período das "trevas" da idade média, quando a ignorância científica acerca da tuberculose condenava as pessoas à morte e estamos no século 21, onde todo o ciclo da doença já é conhecido e medicamentos eficazes estão disponíveis.
Entretanto, a Secretaria de Estado da Saúde de Sergipe, em matéria publicada no último dia 23 de março de 2018, reconhece que a busca ativa de casos de tuberculose é insatisfatória no Estado.
De acordo com a coordenadora do Núcleo de Doenças Transmissíveis da SES-SE, Mércia Feitosa, a incidência da tuberculose está crescendo em Sergipe e um dos fatores é a insatisfatória busca ativa dos sintomáticos respiratórios, que são as pessoas com tosse há mais de três semanas. “Todo esse processo é feito na Atenção Básica, mas existe uma fragilidade nos processos de trabalho para detecção precoce dos pacientes com tuberculose, não conseguindo romper a cadeia de transmissão”.
Assim como a área técnica da SES, o blog "Observatório do SUS" entende que não é possível romper a cadeia de transmissão dessa doença infectocontagiosa sem a busca ativa para detecção precoce de casos e imediato início de tratamento. Afinal, estamos falando de uma doença cujo ciclo de transmissão é essencialmente aerógeno e onde cada pessoa com a doença em estágio bacilífero (BK+) e sem o tratamento adequado pode infectar entre 10 e 15 pessoas por ano.
Como se não bastasse, temos a perversa associação tuberculose - HIV, conforme enfatiza na referida matéria o Gerente Estadual das Infecções Sexualmente Transmissíveis: “A tuberculose é uma das principais co-infecções que se associa ao HIV e a principal causa de mortes em pessoas que têm o vírus por vários motivos: diagnóstico tardio da Aids é um deles, porque na maioria das vezes as pessoas quando vão às unidades aparecem com tuberculose e quando vai ser feita a investigação para o diagnóstico descobre que ela tem HIV. Isso atrasa o início do tratamento da Aids”, reforçou Almir Santana, informando que este fato é um dos argumentos que tem usado para conscientizar as pessoas sexualmente ativas a fazer o teste do HIV.
O que não pode é a SES se desresponsabilizar da busca ativa de casos sob a alegação de que esta é uma atribuição dos municípios. À SES, na condição de gestora estadual do SUS, compete treinamento das equipes, monitoramento dos casos e dos indicadores epidemiológicos e adoção de medidas objetivando atingir coberturas parametrizadas.